Município evoca 36 anos de conquistas de Abril
Jorge Guimarães, presidente Conselho Administração ALERT
Medalhas honoríficas e discursos partidários preenchem cerimónia nos Paços do Concelho. Inauguração de parque infantil, de complexo desportivo e de avenida integradas nas celebrações
Desigualdades, desemprego, crise e exclusão. Estas foram as palavras mais ouvidas na sessão solene da celebração do 25 de Abril de 1974. Em contrapartida, estava o desenvolvimento e a esperança.
Este ano, a evocação dos 36 anos da Revolução dos Cravos fugiu um pouco à regra. Para além da típica sessão solene, o executivo resolveu levar a cabo mais iniciativas que exaltassem as vontades e os lemas de Abril. Inaugurou um parque infantil, na freguesia de Avintes, dotando os alunos de um equipamento para complementar a educação. Seguiu-se a inauguração de componente desportivo, respectivamente o Estádio Municipal de Grijó. E a abertura da rua 25 de Abril em Perosinho, após uma importante requalificação.
O Salão Nobre dos Paços do Concelho continua a ser o palco privilegiado para receber a solenidade da celebração do 25 de Abril. E, este ano, voltou a receber dezenas de convidados.
Ao longo dos discursos o tema do desemprego foi quase sempre recordado. O deputado do Bloco de Esquerda considera “dramática” a situação de Vila Nova de Gaia. Jorge Magalhães salientou o crescimento do desemprego que no município já atinge mais de 27 mil pessoas, deixando muitas famílias sem condições económicas. Desemprego que atinge na cidade o maior valor da região. O bloquista considera “insuficiente” o apoio camarário a estas famílias e lançou alguns projectos que poderiam ajudá-los a ultrapassar estas carências. Revisão da pesada factura de água, das rendas sociais, a não instauração de processos de despejo, a construção de rede de cantinas sociais, apoio ao desempregado e a melhoria do Gabinete de Apoio ao Município são algumas das propostas do BE.
Cipriano Castro, representando os socialistas da Assembleia Municipal, aproveitou a cerimónia para evocar o “afastamento entre eleitos e eleitores e a descrença dos cidadão” que se reflecte, por exemplo, na sempre notória abstenção em eleições.
Já o representante dos sociais-democratas começou o discurso evidenciando a “revolução” que Vila Nova de Gaia sofreu desde que Luís Filipe Menezes assumiu a presidência da municipal. Uma “revolução que transformou a face de Gaia”, dotando-a de infra-estruturas que aumentaram a qualidade de vida dos gaienses, explicou Pedro Sousa.
O presidente da Assembleia Municipal falou de exclusão e solidariedade. Falou daqueles a quem o 25 de Abril de 1974 ainda não chegou. Daqueles que ainda não sentiram os direitos adquiridos há 36 anos. E aproveitou ainda para homenagear o “homem visionário” que há mais de uma década comanda o executivo gaiense: Filipe Menezes.
As homenagens chegaram um pouco antes do discurso do líder autárquico. Ao todo 14 medalhas a personalidades e instituições que de alguma forma enaltecem o nome da cidade. Entre os homenageados – com direito a medalha de Mérito Cívico – estavam os ex-vereadores socialistas Barbosa Ribeiro, José Moreira Alves e Jorge Patrício Martins.
Em nome dos homenageados falou Barbosa Ribeiro. O ex-vereador socialista – que já encabeçou uma lista à câmara em oposição a Menezes – quis publicamente “louvar o excelente trabalho do dr. Luís Filipe Menezes”, mas principalmente, salientar a forma como o autarca “sempre soube estabelecer com justiça a linha fronteiriça entre o interesse dos gaienses das diferentes forças políticas”.
Menezes usou da palavra. Para agradecer a César Oliveira. Para agradecer a Barbosa Ribeiro. Mas usou da palavra para contrariar algumas frases proferidas, concretamente, no que diz respeito ao desemprego.
Admitindo que é grande, alarga o problema para uma escala nacional. No que se refere à cidade, o autarca salienta que Gaia não pode comparar-se a Lisboa ou Porto, até porque estas duas são cidades de serviços e não de indústria. Menezes não resiste e apelida a capital de “cidade dos funcionários públicos”.
Por sua vez, Gaia continua a ser a cidade de residência de muitas pessoas que trabalham nos concelhos da área metropolitana do Porto. Apesar de terem perdido emprego noutro município, estas pessoas têm obrigatoriamente de inscrever-se no Centro de Emprego gaiense, agravando a taxa que já existe. Ou seja, algum desemprego “é gerado fora do município como consequência de Gaia continuar a ser cidade dormitório”. TT
Medalhas
Mérito Cívico
Grau Ouro – Manuel Barbosa Ribeiro; Grau Prata – José Moreira Alves; Grau Bronze – Jorge Patrício Martins
Mérito Cultural e Científico
Grau Ouro – Francisco Conceição da Silva (Sporting Clube Candalense); Grau Prata – Rádio Nova Era; Vasco Teixeira (Director Editorial da Porto Editora); Jornal ‘O Gaiense’; e Jornal ‘Audiência’; Mérito Profissional
Mérito Profissional
Grau Ouro – ALERT; Luís Simões SA; Jorge Gabriel; e Sónia Araújo; Grau Prata – António Oliveira e Castro; Mérito Desportivo
Prata – Fernando Barbedo (Sport Clube do Porto)