Filipe Menezes assume candidatura ao Porto

Podia ter sido uma notícia ‘bomba’, mas não foi. Pelo menos para grande parte dos gaienses, a confirmação da candidatura de Menezes ao Porto não foi surpresa. Talvez tenha sido inoportuno o momento da declaração. Mas só isso. Muitos conheciam bem o desejo antigo que o actual autarca de Gaia tinha em liderar a comunidade vizinha.

Em entrevista à Sic Notícias, Luís Filipe Menezes foi peremptório: “Estamos numa altura do país em que é preciso transparência, frontalidade e coragem. A minha decisão é irrevogável e aproveito para dizer aos portuenses, da cidade onde vivo há 40 anos, que amo muito e para a qual acho que tenho boas ideias e bons projectos, de que vou ser candidato à câmara do Porto”.

O ainda autarca de Gaia revelou também que só anunciou a candidatura após ter conversado com o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, e com o líder do PSD Porto, Ricardo Almeida, (que actualmente ocupa o cargo de presidente da Gaianima). Filipe Menezes assegurou mesmo que vai “ser candidato à câmara em toda e em qualquer circunstância”.

O presidente do executivo camarário, na mesma entrevista, revelou ainda que acredita que haja algumas renovações no Governo, embora posteriores à aprovação do Orçamento de Estado.

Com esta declaração, muitos gaienses começam agora a questionar quem irá ser o sucessor de Menezes. Apesar dos muitos nomes que têm surgido, quase todos acreditam que a ‘disputa’ estará centrada entre Marco António Costa (actual secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social) e José Guilherme Aguiar (vereador na câmara municipal de Matosinhos). Seguramente, o nome ficará escolhido após o ‘dossiê’ da fusão de freguesias (que terá de estar resolvido até o dia 14 de Outubro) e da hipotética renovação governamental.

Luís Filipe Menezes está prestes a terminar o quarto mandato conquistado com maioria absoluta e com a coligação entre o PSD e o CDS-PP.

PSD chega ao Governo de Portugal

Pedro Passos Coelho vive momento de glória, enquanto que PS assiste à derrota e à demissão do líder José Sócrates. CDS sobe na votação e tem papel vital no próximo plano governamental. PCP-PEV mantém quarto lugar e BE passa a ser a quinta força política parlamentar

Pedro Passos Coelho vai ser o próximo primeiro-ministro de Portugal. Tal como em Gaia, o PSD foi o grande vencedor destas Legislativas, alcançando 38,63% (29,09% em 2009) do número de votos. Todavia, este resultado não chega para governar com maioria absoluta (105 deputados eleitos) e é aqui que entra o CDS (24 mandatos), partido este que subiu para os 11,74% (10,46% em 2009). Já se sabia que os centristas iriam ter um papel preponderante no futuro político português, onde restava apenas saber quais dos dois maiores partidos teriam de negociar com ele. Cabe o PSD iniciar as conversações, para depois a decisão ser apresentada ao Presidente da República e este deixar o convite formal para se formar o novo governo de Portugal para os próximos quatro anos.

“Quero dedicar esta vitória aos jovens de Portugal. Esta foi uma grande vontade de mudança que o país manifestou. Farei todos os esforços para garantir ao país um governo de maioria, liderado pelo PSD, para dar estabilidade e que ofereça a todos os portugueses um bom trabalho para superar as dificuldades e dar a garantia ao exterior que Portugal não pretende ser um fardo. Temos de cumprir o programa a que nos vinculámos.”, começa por dizer Pedro Passos Coelho.

“Precisaremos de muita coragem para vencer as dificuldades. Precisamos também de alguma paciência. Mas quero garantir que todos que os sacrifícios serão feitos com transparência e trabalho.  Vai ser difícil mas vai valer a pena. Não descansaremos enquanto não colocarmos Portugal a crescer.  Vamos estabelecer confiança em Portugal, nos mercados e nos portugueses. Que seja uma oportunidade de agarrar e transformar as dificuldades em aventuras para ter dias mais felizes. Conto com todos para esta jornada que se inicia”, conclui o grande vencedor das Legislativas 2011.

José Sócrates demite-se
Em sentido contrário, o PS é grande derrotado, pois não foi além dos 28,05% (36,56% em 2009), perdendo a governação e 23 deputados na Assembleia da República (AR). Com este resultado retirado das urnas, José Sócrates assume as responsabilidades e apresenta a demissão de líder socialista.

“Esta derrota é minha e assumo-a por inteiro. É chegado o tempo de abrir um novo ciclo no PS. O dever do partido é preparar uma alternativa para voltar a governar Portugal”, refere o ex-primeiro-ministro, perante o descontentamento da plateia, afirmando que já pediu a realização de um congresso extraordinário para se escolher o futuro líder. “Encerro 23 anos de actividade e liderança política. Quero dar espaço ao PS para escolher livremente o futuro e sem condicionamento. Não pretendo ocupar qualquer cargo político nos próximos anos”, confessa.

Na condição de primeiro orador da noite, José Sócrates reafirma ainda que “também na oposição é possível fazer muito”, mas não esquece o trabalho que fez em prol do país. “Em seis anos o PS deu tudo o que tinha, durante um tempo bem difícil. Perdemos hoje as eleições, mas não receamos o julgamento da história. O tempo é sempre o melhor juiz da obra realizada.

Antes de sair de cena, Sócrates deixa uma palavra para os vencedores: “Quero felicitar Pedro Passos Coelho e quem ganhou as eleições. Desejo-lhe o melhor e que tudo corra bem, pois era isso que desejaria para mim. Desejo prudência, coragem e sentido de justiça. Os tempos que temos para sempre assim o exige”.

BE perde oito deputados
Num escrutínio marcado igualmente pelo preocupante aumento da abstenção (41,1%), nota de destaque para a coligação PCP-PEV, que com 7,94% (7,88% em 2009) ganha um deputado (16)  e para a pesada derrota do BE: é que os apenas 5,19% (9,85%) conseguidos fazem com que os bloquistas passem de 16 para oito deputados na AR.

Quando ainda faltam apurar os últimos quatro mandatos, que sairão dos círculos eleitorais da Europa e de Fora da Europa, importa aferir que o PCTP/MRPP volta a ser o partido mais votado entre os 12 sem representatividade na AR.
Resultados Nacionais

PPD/PSD – 38,63% – 2.145.452 votos (105 deputados)
PS – 28,05% – 1.557.864 votos (73 deputados)
CDS – 11,74% – 652.194 votos (24 deputados)
PCP-PEV – 7,94% – 440.850 votos (16 deputados)
BE – 5,19% 288.076 votos (8 deputados)
PCTP/MRPP – 1,13% – 62.491 votos
PAN – 1,04% – 57.634 votos
MPT – 0,41% – 22.494 votos
MEP – 0,39% – 21.748 votos
PNR – 0,32% – 17.620 votos
PTP – 0,30% – 16.722 votos
PPM – 0,27% – 14.978 votos
PND – 0,21% – 11.671 votos
PPV – 0,15% – 8.210 votos
POUS – 0,08% – 4.601 votos
PDA – 0,08% 4.531 votos
PH – 0,06% – 3.528 votos