Vereadora do Ambiente da CMG, Merces Ferreira, e o director do Parque Biológico, Nuno Oliveira
A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza celebrou no dia 31 de Outubro o 26.º aniversário. Para marcar a data, organizou um jantar durante o qual foi atribuído o Prémio Quercus 2011.
Este ano, a distinção foi dividida. A Quercus galardoou o Parque Biológico de Gaia, como a ‘melhor empresa de gestão ambiental do país’ e o Professor Doutor Viriato Soromenho-Marques, ex-aequo.
A associação distingue empresa municipal por considerar que este é um “um projecto que demonstra como é possível conjugar desenvolvimento económico com políticas ambientais”.
O Prémio Quercus foi instituído com o objectivo de distinguir entidades, empresas ou cidadãos que se evidenciem na defesa do ambiente e na promoção do desenvolvimento sustentável.
Parque Biológico de Gaia
Há quase 30 anos começou a ser idealizado, no seio do NPEPVS (Núcleo Português de Estudo e Protecção da Vida Selvagem) um centro de educação ambiental, que haveria de se chamar Parque Biológico de Gaia e receberia o primeiro grupo escolar, em visita de estudo, em 21 de Março de 1983.
Durante estas últimas três décadas o Parque Biológico de Gaia deu um contributo assinalável para a Educação Ambiental em Portugal, recebendo muito perto de 2,5 milhões de visitantes, promovendo, em parceria com o antigo IPAMB, doze encontros nacionais de educação ambiental, em diversos locais de Portugal continental e nas ilhas, e um vasto conjunto de outras iniciativas.
A acção do Parque Biológico de Gaia permitiu salvaguardar dezenas de hectares de terrenos com importância para a conservação da natureza que, de outro modo, teriam sido consumidos pela expansão urbana.
O Parque Biológico induziu preocupações ambientais na gestão do Município de Gaia, foi motor da criação de mais parques e promoveu a criação da Reserva Natural Local do Estuário do Douro, a primeira reserva natural local de Portugal que está a permitir reabilitar um local com importância para apoio à migração das aves.
No litoral dunar, o Parque Biológico criou há 15 anos o Parque de Dunas da Aguda que assegura a conservação de uma série de espécies de plantas dunares ameaçadas, incluindo alguns endemismos locais, como a Coincya johnstonii ou regionais, como a Jasione lusitanica. Além disso, desenvolve um vasto programa de educação ambiental sobre o litoral.
Graças a todo este trabalho, Vila Nova de Gaia é um dos municípios urbanos da Europa com maior biodiversidade, estando registadas mais de 2200 espécies da plantas e animais no estado selvagem, algumas de espécies de conservação prioritária, como a Águia-pesqueira, a Lontra, a Toupeira-de-água ou o Falcão-peregrino.
Mas o Parque Biológico assegura há 27 anos, em colaboração com o ICNB, o funcionamento do Centro de Recuperação de Animais mais antigo de Portugal, por onde já passaram mais de 25 mil espécimes, com uma taxa de recuperação e restituição à natureza que atinge os 40%. O Centro de Recuperação e a sua clínica veterinária tem colaborado em inúmeros projectos de investigação sobre saúde animal e colaborado com as autoridades administrativas e policiais na recolha e guarda de espécimes apreendidos por posse ilegal.
Mas o Parque não reduziu a sua acção exclusivamente à sua área específica de actuação; no Parque Botânico de Crestuma, perante o valor arqueológico do local, foram já promovidas duas campanhas de escavações, cujos resultados podem alterar a história do baixo Douro, e no Parque da Lavandeira procedeu-se à classificação como imóvel de interesse público de uma estufa neogótica de ferro fundido, um valioso exemplar da arte do ferro, e promoveram-se vários eventos artísticos, nomeadamente de landart.
No âmbito das suas preocupações sociais, o Parque integra na sua equipa de trabalho, há 19 anos, vinte deficientes mentais, no quadro de um protocolo com a Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental.
A nível nacional, o Parque Biológico de Gaia serviu de modelo e apoiou outras iniciativas, um pouco por todo o país: o Parque Biológico de Vinhais, em Trás-os-Montes, um exemplo e um sucesso de desenvolvimento local, a reabilitação do Parque Biológico da Serra das Meadas, em Lamego ou os futuros parques de Torres Vedras, Lousada ou Albufeira.
As instalações do Parque estiveram sempre à disposição de outras entidades para promoverem eventos próprios; no Parque nasceu e reúne regularmente a Associação Portuguesa de Anilhadores de Aves, a QUERCUS e já usufruiu inúmeras vezes do auditório e outras instalações, a Associação Nacional dos Guardas e Vigilantes da Natureza e a Associação Ibérica de Zoos e Aquários tem promovido ali alguns dos seus encontros anuais, entre muitas outras instituições.
A nível internacional o Parque Biológico de Gaia estabeleceu parcerias e formas de colaboração com inúmeras entidades; com o Instituto Belga de Investigação para a Natureza e Florestas promoveu o primeiro congresso mundial de especialistas em Pirilampos, com a Faculdade de Ciências do Porto irá promover em breve o XII Congresso Mundial sobre Tardigrados, com o Conselho Nacional dos Seringueiros e o Instituto Chico Mendes, na Amazónia Brasileira, desenvolve acções para combate ao tráfico de animais, com a Direcção Geral de Ambiente de São Tomé e Príncipe promoveu o primeiro encontro santomense sobre ecoturismo e conservação da natureza e está a colaborar com o Ministério do Ambiente de Timor Leste e com a Comunidade de Valência, em Espanha, desenvolve neste momento um projecto LIFE de controlo de tartarugas-verdes.