“Trabalhar para divulgar a dança”

Academia Pedro Sousa é um bom exemplo de como se deve lutar pelo concretizar de um sonho ou ideal de vida, onde as poucas oportunidades não podem ser desculpa para a falta de êxito profissional. Com quase 17 anos de vida, além do ensino da dança, esta empresa tem ainda como alicerce funcional o calçado PortDance e a organização do evento anual PortDanceOpen

Numa altura em que o desemprego cresce diariamente e que os jovens parecem não ter alternativas para entrar no mercado de trabalho, importa colher do tecido empresarial gaiense alguns exemplos de sucesso, que nasceram de um sonho e da persistência na luta por seguir uma filosofia de vida. Quando as oportunidades não aparecem numa sociedade cada vez menos voltada para a produtividade, o empreendedorismo surge-nos como a melhor solução para enfrentar o melhor futuro profissional. Assim aconteceu, em 1995, com a abertura da Academia Pedro Sousa. E é precisamente esta a atividade que o Notícias de Gaia lhe apresenta nesta edição.

Por curioso que pareça, a Academia Pedro Sousa surge com o objetivo do ensino do Karaté, vertente Shotokai, desporto que Pedro Sousa praticava desde 1986. O nosso interlocutor tinha então apenas 21 anos e ainda um curso de Gestão de Empresas na Universidade Portucalense por concluir, o que aconteceu no ano seguinte. Todavia, volvidos apenas sete meses do arranque da atividade, as Danças de Salão passam a ser prioridade, mercê da constatação do grande potencial empresarial que podia ter e derivado do facto de também Pedro Sousa ter frequentado aulas desta especialidade.

Assim, passados quase 17 anos, o que outrora seria um sonho é hoje uma realidade. A Academia Pedro Sousa respira saúde, tem nova sede própria desde 2007, em Gulpilhares, depois de ter começado por usar o salão da coletividade do Rancho Regional desta freguesia e de ter ministrado cursos de dança em mais de 20 concelhos do norte do país. Cinco são as pessoas que aqui trabalham de forma efetiva e tem cerca de dez professores para um universo aproximado de 600 alunos, entre eles crianças com apenas três anos.

“O nosso trabalho aqui na Academia passa pela divulgação da dança em geral. Fomos dos primeiros no norte do país a trabalhar a dança em termos comerciais e a dar visibilidade à dança em termos de marketing”, lembra Pedro Sousa, registando que esta atividade não pode ser encarada apenas como um escape para as pessoas se esquecerem da crise: “A dança é uma atividade que existe para além da crise; é para as pessoas que gostam ou querem aprender a dançar”. Mais: “É lógico que tudo o que nos faz sentir bem funciona como escape. Aqui as pessoas sentem-se bem e não pensam nos problemas do dia a dia, como noutra qualquer atividade em que as pessoas sintam prazer. Aqui queimam-se calorias e libertam-se toxinas, que nos permitem encarar o próximo dia com toda a energia. Mas isto acontece com ou sem crise. O que importa é o gosto pela dança”.

E será que os recentes programas televisivos de dança ajudaram a quebrar preconceitos? Pedro Sousa responde de forma lacónica: “Nunca sentimos preconceitos. Estamos nesta área há 17 anos e esses programas apareceram há quatro ou cinco anos. Por termos já alguma dimensão, as pessoas começaram a falar mais em dança, mas não foi por isso que passamos a ter mais praticantes. Agora, é claro que ajudou a abrir mentes e deu maior visibilidade à dança”.

Natural de Mafamude, onde nasceu há 37 anos, Pedro Sousa reside em Francelos e, como gaiense que se preze, não deixa de tecer rasgados elogios ao concelho que o viu nascer, até porque é aqui que também desenvolve a própria atividade profissional. “Gaia é um concelho com muito potencial. Aqui vivem cada vez mais pessoas e há um nível médio de vida, onde se permite que existam atividades extras. É um concelho bem posicionado e desde que o atual presidente da câmara assumiu funções tem sempre crescido”, sublinha.

E termina: “O que digo às pessoas que ainda não conhecem a Academia é que apareçam aqui, pois as portas estão abertas. Se gostam de dançar ou querem aprender, seja que tipo de estilo for, à exceção do ballet, que venham experimentar uma aula”. Tudo porque, além dos cursos para noivos, na Academia Pedro Sousa não faltam estilos de dança para serem praticados. Entre eles, lembramos o Cha Cha Cha, Merengue, Slow Fox, Jive, Rumba Cubana, Valsa Inglesa, Samba, Tango, Dança de Salão, Quickstep, Salsa, Paso Doble, Valsa Vienense, Dance Kids, MobDance, Zumba, Dança Contemporânea e Hip Hop.

PortDance e PortDanceOpen

A par do ensino e prática da dança nos mais variados estilos, esta empresa tem ainda mais dois projetos alicerçados. Porque a ideia é sempre fazer mais e mostrar o tal empreendedorismo de que se falava no início desta reportagem, o nosso timoneiro explica a criação da coleção de calçado Portdance, em 2000, e do evento anual PortDanceOpen, desde 2009.

“Nos primeiros anos da Academia, sentimos que as pessoas procuravam calçado específico para a dança. Começamos a representar marcas para dar resposta às solicitações. Em 2000, criamos a nossa própria marca, a PortDance, com produção totalmente nacional. Hoje exportamos 75% dos produtos para uma média de 20 países. Ou seja, esta atividade tem uma boa dimensão dentro da empresa. Já a PortDanceOpen surgiu através de um convite feito pela Federação Portuguesa de Dança Desportiva para realizarmos um evento do género. Em 2009 decorreu o primeiro, apenas com moldes nacionais. Aproveitando a internacionalização da PortDance, os restantes tiveram nível internacional”, divulga Pedro Sousa.

Resta dizer que, este ano, a quarta edição do PortDanceOpen vai ter lugar, nos dias 14 e 15 de julho, no Pavilhão Multiusos de Gondomar.